Após enchentes, prédios abandonados no centro da cidade foram ocupados por famílias atingidas.
As ocupações de edifícios desocupados têm se tornado mais frequentes após as inundações em São Paulo. Pelo menos cinco ocupações realizadas por famílias afetadas pelas chuvas aconteceram no centro da maior cidade do Brasil desde a enchente histórica de abril. A mais recente ocupação, feita no último sábado (22) por aproximadamente 250 pessoas, foi interrompida, em meio a protestos, no mesmo dia pela Guarda Civil Metropolitana.
Em meio a um cenário de invasões e busca por moradias provisórias, as famílias desabrigadas continuam a lutar por residências dignas e temporárias. A necessidade de abrigo seguro e adequado se torna urgente diante das condições climáticas extremas que têm afetado diversas regiões do país. É fundamental garantir o direito à moradia para todos, especialmente em momentos de crise como este.
Ocupações Realizadas em Prédios Abandonados
A Agência Brasil teve a oportunidade de conhecer uma das ocupações que atualmente abriga aproximadamente 48 famílias, totalizando mais de 120 pessoas. Localizada no centro histórico, em um edifício desocupado há mais de uma década, que costumava ser o antigo Hotel Arvoredo, a ocupação é conhecida como Ocupação Desalojados pela Enchente Rio Mais Grande do Sul. Diferentemente das invasões anteriores, essa ocupação não foi liderada por um movimento social organizado, mas sim por famílias que, ao se depararem com a falta de moradias provisórias, decidiram buscar uma solução alternativa e adentraram o prédio em 24 de maio.
Famílias Atingidas e Moradias Temporárias
Liziane Pacheco Dutra, uma faxineira de 37 anos, juntamente com seu marido Anselmo Pereira Gomes, fazem parte da ocupação O Rio Mais Grande do Sul. Após a residência da família, localizada no bairro Rio Branco, ser inundada até o telhado, eles se viram obrigados a buscar um novo lar temporário. Liziane expressou sua frustração com a situação, mencionando a existência de diversos prédios abandonados em Porto Alegre, sem qualquer utilidade social. Ela questionou a falta de ação em relação a essas propriedades ociosas, sugerindo que poderiam ser adquiridas, reformadas e destinadas à população desabrigada.
Ocupações Feitas em Meio à Crise Habitacional
As novas ocupações realizadas refletem o agravamento da escassez de residências na capital gaúcha. De acordo com dados da Fundação João Pinheiro, em 2019, Porto Alegre enfrentava um déficit habitacional superior a 87 mil moradias. Essa situação se intensificou com as enchentes que resultaram no desalojamento de mais de 388 mil pessoas em todo o estado, conforme relatado pelo último boletim da Defesa Civil.
Desafios e Resistência nas Ocupações
Carlos Eduardo Marques, um pedreiro e técnico de celulares de 43 anos, compartilha sua experiência na ocupação O Rio Mais Grande do Sul. Após perderem tudo no bairro Sarandi, ele e sua família se viram sem opções e decidiram unir forças com outras famílias insatisfeitas nos abrigos para ocupar o prédio abandonado. Carlos destaca a resistência das famílias em relação às ordens judiciais de desocupação, mencionando o prazo de 60 dias estabelecido, que se encerra em 12 de agosto.
Compromisso com a Dignidade e a Moradia
As famílias entrevistadas pela Agência Brasil demonstraram sua recusa em se mudar para cidades temporárias ou abrigos. Eles expressaram sua determinação em lutar por condições de moradia dignas e sustentáveis. Em meio à incerteza e à pressão judicial, essas famílias permanecem unidas em sua busca por um lar seguro e estável, rejeitando soluções temporárias que não atendem às suas necessidades a longo prazo.
Fonte: @ Agencia Brasil
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