Gugie Cavalcanti, 31, criou arte de rua em prédio de 18 andares na Sé. Parede lateral, diálogo, visibilização. Ateliê afroartesanato, plataforma arte, denúncia, gentilização. Região Sé, 18 andares, prédio, rua, afeto, criativo processo, arte de rua.
Ao caminhar pela região da Sé, no coração da cidade, você certamente se deparará com uma obra de arte que chama a atenção. O edifício localizado no número 167 da rua Tabatinguera foi agraciado com uma obra de arte que cobre os 18 andares de sua fachada lateral. A obra intitulada ‘Inspiração’ retrata um homem branco contemplativo, transmitindo serenidade e reflexão, olhando para o horizonte.
Essa peça de arte é um exemplo marcante da diversidade cultural e artística presente na cidade. A obra de inspiração convida os transeuntes a refletirem sobre a beleza e a complexidade da vida urbana, despertando emoções e pensamentos profundos. A presença dessa obra de arte enriquece o cenário urbano e estimula a apreciação da arte em meio ao cotidiano agitado da metrópole.
Conexões através da Obra de Arte
O retrato foi concebido pela talentosa artista visual e grafiteira Gugie Cavalcanti, de 31 anos, que se destaca como uma criadora versátil e inspiradora. Originária de Brasília, mas atualmente estabelecida em Florianópolis (SC), Gugie expressa sua arte em diversas formas, desde muros e telas até performances e desenhos digitais. Esta é a sua segunda peça de arte em São Paulo, sendo a outra localizada em Guarulhos, na região metropolitana. Como uma mulher negra e mãe, ela utiliza sua obra de arte nas ruas como um meio de diálogo e visibilização, explorando o processo criativo do afeto.
A figura retratada na obra é real: a talentosa costureira criativa Aldelice Braga, proprietária de um ateliê de afroartesanato em Floripa, além de ser dançarina afro e amiga de Gugie. A conexão entre a artista e a mulher retratada é profundamente enraizada no afeto e na admiração mútua. Gugie compartilha que pintou Aldelice como uma homenagem à sua força, autonomia e liberdade, transmitindo através da obra de arte a essência de sua amizade e inspiração.
A produção desta obra de arte foi realizada pela Gentilização, uma renomada produtora de arte urbana em grande escala fundada em 2015. A Gentilização tem como foco principal a curadoria de artistas negros, periféricos, mulheres e LGBTQIA+, promovendo a diversidade e a inclusão no cenário artístico. A arte criada pela Gentilização não apenas embeleza espaços urbanos, mas também serve como uma plataforma para denúncias e manifestações de experiências diversas.
A Gentilização atua como facilitadora para os artistas, proporcionando acesso a recursos e ferramentas necessárias para a produção de arte pública significativa. Através de sua atuação em projetos de arte de rua, a produtora busca promover o diálogo, a conscientização e a expressão criativa na sociedade. Com um histórico de mais de 120 obras realizadas em cidades como São Paulo, Campinas, Salvador, Brasília e Belém, a Gentilização tem sido uma força motriz na visibilização e valorização da arte urbana.
A empresária e curadora cultural Vera Nunes, fundadora da Gentilização, destaca a importância do nome da produtora como uma afirmação de gentileza em oposição à gentrificação. Para Vera, a gentilização representa uma abordagem positiva para o desenvolvimento urbano, baseada na inclusão, na diversidade e na gentileza como prática cotidiana. A presença da obra de arte em uma região marcada por desigualdades sociais é um ato de resistência e afirmação, transmitindo uma mensagem de esperança e vitalidade para a comunidade.
O projeto na rua Tabatinguera foi viabilizado com recursos do Museu de Arte de Rua de São Paulo, demonstrando o impacto e a relevância da arte pública na transformação e revitalização de espaços urbanos. Através da obra de arte, a comunidade é convidada a refletir, dialogar e se conectar, criando laços de afeto e inspiração que transcendem as barreiras físicas e sociais. A arte de rua se torna assim uma ferramenta poderosa para a expressão e a transformação, dando voz e visibilidade às narrativas e experiências que muitas vezes são marginalizadas.
Fonte: @ CNN Brasil
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