Brasileira: Artista usa-se jaqueta chamativa, mas pouco debate sobre: vestido, renda, branco, par, botas, Rick Owens, Cantilever sem salto, casaco, lona, creme, série, fivelas, cintos pretos, longos, mangas costuradas, fivela, fecho, costura, lateral.
A cantora Rosalía, vencedora do Grammy Latino por 12 vezes, surpreendeu as ruas de Nova York ao sair vestindo uma roupa que definitivamente chamava atenção. A superstar pop espanhola combinava o delicado vestido de renda branca com as botas Rick Owens Cantilever sem salto, mas a protagonista do look estava nos seus ombros. Uma camisa de força de lona creme adornada com uma série de fivelas e cintos pretos. Seria uma nova abordagem de moda ou uma referência a alguma tendência obscura?
Enquanto alguns especulavam sobre a inspiração por trás do look ousado de Rosalía, outros notaram a semelhança da camisa de força com um colete de contenção. Será que a cantora estava fazendo uma declaração de moda statement sobre controle e liberdade? O mistério pairava no ar enquanto ela desfilava com confiança pelas ruas movimentadas da Big Apple.
Reflexões sobre a presença da camisa de força no vestuário de Rosalía
Desde o lançamento de seu terceiro álbum, ‘Motomami,’ a estrela da música Rosalía tem chamado atenção não só por sua música envolvente, mas também por seus visuais marcantes. Seja com óculos escuros estilo motociclista ou capacetes Harley Davidson, ela não tem medo de ousar e se destacar.
No entanto, uma inspeção mais detalhada revelou um elemento inesperado em seu guarda-roupa: um toque médico peculiar que lembra mais uma camisa de força do que uma vestimenta de motocicleta. As mangas longas, costuradas de forma atípica e finalizadas com uma fivela de fecho, dão a impressão de restrição, como se as mãos da cantora estivessem contidas, prestes a romper uma costura lateral.
A história das camisas de força remonta ao século 18, quando eram usadas como medidas de contenção em hospitais e asilos. Inicialmente destinadas a proteger os pacientes, essas peças restritivas logo se tornaram símbolos de uma época em que a compreensão da saúde mental era rudimentar, e os métodos de tratamento muitas vezes cruéis.
Apesar de hoje em dia as camisas de força não serem mais comuns na prática médica moderna, a lembrança de sua imagem ainda evoca os tempos sombrios dos asilos e dos abusos cometidos em nome do tratamento. A recontextualização dessa peça na moda contemporânea levanta questões sobre a banalização de símbolos de sofrimento e controle.
No mundo da alta-costura, a tentativa de transformar as camisas de força em peças de moda não é nova. Marcas renomadas, como a Gucci, já exploraram essa estética em suas coleções, provocando debates sobre os limites entre expressão artística e sensibilidade ética.
Em um desfile memorável da Gucci na Semana de Moda de Milão, modelos trajando macacões inspirados em camisas de força foram o centro das atenções. Em contraste com o cenário branco e minimalista, as fivelas e tiras das peças ressaltavam a ideia de contenção e restrição, gerando respostas divergentes.
Enquanto alguns enxergam essa abordagem como uma forma de questionar normas sociais e estéticas, outros, como a modelo Ayesha Tan-Jones, vêem nela uma apropriação insensível de símbolos ligados a experiências de dor e opressão.
A presença da camisa de força na moda contemporânea nos convida a refletir sobre a responsabilidade ética dos criadores de moda ao lidar com temas delicados, bem como sobre o poder transformador da moda como veículo de expressão e questionamento social. Afinal, em um mundo onde a imagem muitas vezes fala mais alto, a moda pode ser tanto um reflexo quanto uma crítica da sociedade em que vivemos.
Fonte: @ CNN Brasil
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